sábado, 23 de maio de 2015

Anatomia do Dente Canino


Canino Superior

Generalidades
    O grupo dos caninos está localizado na porção anterior do arco dental, após os incisivos.
    É o mais longo e o mais resistente de todos os dentes. Os 
caninos, por sua vez, têm forma pontiaguda semelhante a uma “pá” ou “lança”.


Função
    A função principal dos caninos é a de dilacerar os alimentos mais fibrosos e resistentes, que necessitam de maior força mastigatória para cortá-los. Isto é possibilitado pela morfologia dos caninos que apresentam uma coroa que funciona como uma ponta dilacerante e uma raiz forte e robusta.


Morfologia

    Coroa: Sua forma pode ser comparada à ponta de uma lança, pois sua borda oclusal apresenta duas vertentes que determina uma cúspide de vértice agudo. Ao contrário dos incisivos a coroa dos caninos é convexa em todos os sentidos, quase não apresentando acidentes anatômicos. Sua coroa é formada por grande quantidade de dentina, o que lhe propicia grande força e resistência.

    Raiz: Todos os elementos do grupo dos caninos são unirradiculados. Suas raízes apresentam forma cônico-piramidal, e dentre todas as raízes dentais, são as mais compridas e as mais resistentes e determinam no osso maxila uma saliência do alvéolo denominada eminência canina.

    Colo: Se um corte for feito transversalmente na região do colo, podemos verificar que ele possui a forma de um triângulo, com ângulos arredondados. A linha cervical é sinuosa, apresentando nas faces vestibular e lingual um aspecto de semicírculo com concavidade voltada para a coroa, e nas faces proximais, a forma de um ‘’V’’ com a abertura voltada para a raiz.


                                  


               

Canino Inferior

Generalidades:
    O canino inferior é o terceiro dente de cada hemiarco inferior, localizando-se entre o incisivo lateral e o primeiro pré-molar. Exceto pelo tamanho da coroa, ele é menor que o canino superior em todas as dimensões, apresentando achatamento no sentido mésio-distal, coroa mais estreita e raiz mais delgada.


Morfologia:
    Coroa: Suas características gerais são muito semelhantes àquelas descritas para o canino superior, só que menores em todas as dimensões. Um achatamento da dimensão mésio-distal faz com que a coroa fique mais estreita, delgada e, por ela ser mais comprida do que a coroa do canino superior, aparenta ser bem alta. Apresenta-se mais inclinada em direção lingual do que a coroa do canino superior.

    Raiz: O canino inferior geralmente é unirradicular (94,4%), mas pode apresentar, em certos casos, bifurcações (6%), sendo uma raiz vestibular e a outra lingual.Essa bifurcação pode envolver apenas o ápice ou também o corpo e a base da raiz. Quando comparada ao canino superior, a raiz do canino possui a mesma forma, sendo mais achatada no sentido mésio-distal e com menor comprimento. Quando comparada às raízes dos demais dentes do arco dental, a raiz do canino inferior é mais comprida, mais forte e mais resistente. Frequentemente a raiz apresenta uma curvatura total no sentido distal, e sua inclinação para o mesmo sentido é bem marcante. O ápice da raiz é levemente arredondado, podendo angular-se para a vestibular.














Pilar Canino


Pilar Canino 

    Além de sua função de rasgar os alimentos, os dentes caninos superiores, entram na formação de uma das áreas de resistência da maxila – o pilar canino. 
    A maxila precisa ser suficientemente resistente para receber e transmitir forças mastigatórias dos dentes até o crânio. Essas áreas de reforço constituem os pilares de sustentação da maxila. Estes pilares não são retos como pilares de construção, são curvos em torno da cavidade nasal e da órbita, e possuem interligação por vigas horizontais estabilizadoras.
    Existem três pilares, mas será abordado apenas o pilar canino nesse conteúdo. 

    O pilar canino inicia-se no álveolo do canino e dirige-se superiormente pela borda lateral da abertura piriforme, continua-se no processo frontal da maxila e termina na extremidade medial da borda supra-orbital. Sua parte inferior localiza-se entre o seio maxilar e a cavidade nasal; nessa região, apresenta uma secção triangular, com lâminas ósseas compactas, preenchidas por tecido esponjoso internamente. 


(Vídeo Ilustrativo indicando a localização do Pilar Canino)

Pilar Canino - seta em vermelho




Tracionamento do Canino


Caninos Inclusos - Tracionamento

       Antes de nascer (erupcionar), todo dente está incluso. O problema é quando o dente permanece incluso, o que comumente acontece com os terceiros molares (dentes do siso) ou com os caninos superiores, que ocupam o segundo lugar no ranking dos dentes mais afetados por esse problema. E quais os motivos que ocasionam a inclusão dentária? De modo geral, obstáculos mecânicos, patologias, má posição do dente, falta de espaço na arcada e doenças sistêmicas.
É comum que os sisos permaneçam inclusos, e esses dentes não fazem falta ao serem retirados. No entanto, quando isso acontece com os caninos, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para evitar prejuízos à estética e funcionalidade dos dentes.
Considerado um dos dentes mais importantes da nossa arcada dentária, o canino preocupa principalmente pela questão funcional ligada à mastigação. Por completarem a forma do arco dentário, determinando o contorno da boca, os caninos mantêm a harmonia e a simetria da relação oclusal, além de suportar os movimentos de lateralidade e a carga mastigatória, devido à anatomia da sua raiz.  Entretanto, segundo especialistas, eles apresentam o desenvolvimento e trajetória de erupção mais complexos que os demais dentes tanto que são frequentes, nos consultórios odontológicos, pacientes que apresentam a inclusão dos caninos, especialmente na região palatina, ou céu da boca.
É fundamental que a inclusão dentária seja diagnosticada e tratada adequadamente, especialmente em se tratando dos caninos – de suma importância na cavidade oral –, pois o contrário pode resultar não só no desenvolvimento de problemas estéticos e funcionais, mas também em reabsorções de dentes permanentes, formações císticas, perturbações mecânicas, inflamatórias ou infecciosas, nervosas e até um tumor. “A realização de um criterioso exame clínico e radiográfico é imprescindível para obtenção de um correto diagnóstico e a indicação do tratamento adequado para cada caso. Atualmente, o tracionamento dos caninos inclusos com aparelho ortodôntico é o mais utilizado e tem apresentado ótimos resultados”, afirma Dr. Hamilton Tadeu Pontarola Jr., especialista em Cirurgia e Traumatologia bucomaxilofacial, que há 20 anos realiza esse e outros procedimentos da área.

Estratégia de tratamento

      Geralmente, a estratégia de tratamento de caninos inclusos é multidisciplinar e todo paciente nesta situação clínica deve ser submetido a uma avaliação individual da má oclusão, o que requer a participação do cirurgião bucomaxilofacial, ortodontista, especialista em dentística restauradora e periodontista. De acordo com o Dr. Tadeu Pontarola, nos pacientes diagnosticados precocemente, a simples extração seletiva de dentes decíduos (de leite) poderia, em algumas  vezes, normalizar a posição do canino permanente. “No entanto, esse tipo de procedimento é contraindicado em casos de diagnóstico tardio, em que o canino não apresenta mais potencial de erupção”, esclarece o especialista.
A escolha do tratamento deve ser baseada numa série de fatores, tais como: idade do paciente, grau de cooperação e receptividade ao tratamento, relação maxilomandibular, comprimento dos arcos dentais, posição do dente incluso, suspeita de anquilose (fusão do dente no osso), dilaceração, posição e estágio da formação do dente, relação com os dentes vizinhos e presença ou ausência de espaço. De modo geral, a inclusão dos caninos acomete pessoas jovens, mais mulheres do que homens, e os sintomas mais comuns são a ausência de dentes ou permanência dos dentes de leite. “Os principais sinais a serem observados no exame clínico são o atraso de erupção após os 14 anos de idade, retenção prolongada do canino decíduo e elevação da mucosa labial ou palatina do paciente”, esclarece Dr. Pontarola.

Como funciona o tracionamento dos caninos inclusos?

      O tracionamento ortodôntico de dentes caninos inclusos tem o objetivo de recolocá-los na posição correta, devolvendo a função mastigatória adequada e restabelecendo a estética do sorriso. Entretanto, para que o procedimento seja eficiente, além do diagnóstico precoce, é preciso que ele seja executado por meio da técnica adequada. “É fundamental que se determine a exata localização do canino incluso, a fim de que o correto planejamento do procedimento cirúrgico e do tratamento ortodôntico possa ser realizado, avaliando-se a relação do dente envolvido com outras estruturas para evitar imprevistos”, alerta o cirurgião.
De maneira geral, a inclusão de caninos pode também estar relacionada à hereditariedade, deficiências endócrinas, outras patologias e irradiação. Estima-se que até 2% da população seja acometida pelo problema e o prognóstico da intervenção ortodôntica dos caninos que não erupcionaram depende de muitos fatores, principalmente da posição, da angulação do canino na maxila e da possibilidade da presença de anquilose. “A combinação do tratamento cirúrgico-ortodôntico é uma das opções mais empregadas nos casos onde existe um bom prognóstico. No entanto, devemos estar cientes das vantagens e riscos do tratamento, como, por exemplo, a anquilose, a perda de vitalidade do dente e de tecido de sustentação, assim como as reabsorções do canino e dos dentes adjacentes”, adverte Dr. Pontarola.
Para que o tracionamento do canino incluso seja realizado, primeiro o cirurgião bucomaxilofacial retira o tecido e eventual resíduo ósseo sobre o dente, depois é feita a colagem de um acessório ortodôntico (bracket) sobre a coroa do mesmo, ligado a um fio de amarrilho que servirá de apoio para o tracionamento do dente em questão, posicionando-o na linha de oclusão. “Em alguns casos, realizamos mini-implantes (miniparafusos) provisórios como forma de ancoragem desses dentes inclusos, que servirão de apoio para o tracionamento”, acrescenta o especialista. Diversas são as metodologias existentes para tracionar e alinhar caninos inclusos, dentre elas os aparelhos ortodônticos fixos ou removíveis, a utilização de ancoragem na mesma arcada ou na arcada oposta e a utilização de forças provindas de magnetos associados à placa removível. “O importante é a escolha do procedimento adequado para cada caso, e que o cirurgião tenha habilidade e domínio da técnica a ser executada, propiciando um campo cirúrgico seco para se obter os melhores resultados”, finaliza Dr. Tadeu Pontarola. Um dos fatores que contribuem para o sucesso do tracionamento de caninos inclusos é também o controle dos efeitos colaterais e a montagem de um sistema de ancoragem eficiente, que não afete os tecidos e os dentes adjacentes.

*Youtube.com/SaudeOralMP